quarta-feira, 11 de março de 2015

CARTA ABERTA DOS ESTUDANTES DO SENHOR DO BONFIM À IMPRENSA, MINISTÉRIO PÚBLICO E GOVERNO DO ESTADO

Colégio Estadual Senhor do Bonfim
Carta aberta dos estudantes

Nós, estudantes do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, reunidos em Assembleia Geral Extraordinária na manhã desta terça-feira (10), convocada pelo Grêmio Estudantil, viemos por meio desta carta externar nossa indignação sobre a lamentável decisão da Secretaria da Educação do Estado da Bahia em exonerar a nossa diretora Andreia Sarraf de seu cargo arbitrariamente.

O conjunto dos estudantes do CESB entendem que a exoneração da diretora Andréa Sarraf, foi infeliz e arbitrária. A decisão fere o princípio de democracia na escola da própria SEC. Então como diretora legítima, eleita e reeleita pela comunidade escolar, a professora Andréa deve retornar ao seu cargo de direito e que a mesma possa legalmente terminar o seu mandato que se encerra em 30/09/2015 prazo este estabelecido pela própria Secretaria a todos os mandatos de diretores vigentes.

Sarraf é aliada histórica das lutas travadas pelo CESB. Em 2009 o Colégio foi o único da Bahia a aceitar estudantes travestis e transexuais com nomes sociais, muito antes da obrigatoriedade da resolução da SEC publicada em novembro de 2013. Além disso, a diretora lutou para manter o funcionamento do noturno em 2014 e junto aos estudantes foi parceira na instalação do Grêmio Estudantil. Muitas lutas travamos ao lado de Sarraf e não temos a menor dúvida do seu compromisso histórico pelas melhorias do Senhor do Bonfim.
Queremos deixar muito claro que o nosso debate é em torno da falta de legitimidade que a Secretaria da Educação vem tratando o nosso direito de escolha. Nas regras do Decreto que estabeleceu as Eleições Diretas, estudantes a partir dos 14 anos de idade já podem exercer o direito ao voto, ou seja, já pode exercer o direito de escolha, mas para a SEC exonerar não há consulta a comunidade escolar? Pelo menos nós, estudantes desta instituição de ensino, não fomos consultados! Nossa maturidade limita-se ao período eleitoral então?

É por isso que é preciso acabar com essa lógica arcaica de educação pública. Para que serve eleições diretas se nossos eleitos são exonerados sem a menor discussão com a comunidade escolar? Para que serve o Colegiado Escolar? Para que serve o Grêmio Estudantil? Para que serve as organizações sociais que atuam em torno da Escola? Para que serve o discurso institucional de democracia dentro da Escola? Portanto, defendemos que o Decreto nº 11.218 de 18 de setembro de 2008, que instituiu as eleições diretas para diretores e vices, torne-se lei para que essa conquista histórica dos movimentos em defesa da educação pública seja integralmente garantida.

Queremos eleições diretas de verdade! Onde todos os seguimentos da comunidade tenham igual peso de participação! Que o voto do professor, do estudante e do funcionário tenham o mesmo poder de decisão! Só assim vamos consolidar a verdadeira democracia dentro da Escola pública baiana.

A nossa luta pela Escola Pública que tanto queremos, começa justamente pela democracia e é por ela que vamos lutar. NÃO VAMOS RECUAR NENHUM PASSO PARA TRÁS!

Colégio Estadual Senhor do Bonfim, Salvador, 10 de Março de 2015.

Saudações Estudantis,


Estudantes do CESB

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