segunda-feira, 16 de março de 2015

MEDIDA DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO OBRIGA ESTUDANTES DO CENTRAL A MIGRAR PARA OUTROS COLÉGIOS

COLÉGIO CENTRAL DA BAHIA
O OF. Circular nº 01/SUPED/DIREP/CEDI que comunica a “mesclagem” dos componentes curriculares da Matriz Curricular do Programa de Educação Integral – ProEIL no turno diurno do Colégio Central, foi emitido no dia 27 de Fevereiro de 2014 com o intuito manter os estudantes dentro do Colégio do turno matutino ao turno vespertino, de forma integral, ou seja, com os componentes curriculares e atividades aplicados de forma corrida, mas com o intervalo do almoço e do lanche a tarde mantidos, sem precedentes para rediscussão.

A questão central é que o Ofício Circular manterá a avaliação do estudante de forma contínua, de acordo com a carga horária do Programa Integral, e isso já prejudica estudantes do Colégio que há muito tempo é do ensino médio regular, ou seja, o estudante que antes estudava no turno matutino obrigatoriamente terá que estudar a tarde, porém, quem fizer algum tipo de estágio ou atividade no turno oposto terá que se desligar do Colégio, escolhendo outro do ensino médio regular. O óbvio aconteceu: o único turno que sobrou no Central, o matutino, também ameaça fechar (pois já tem menos de 300 matriculados segundo a Escola), já que a grande maioria dos estudantes realmente faz alguma atividade no turno oposto, a orientação de se matricular em outra Escola já é dada dentro do Colégio, que coincidentemente de última hora virou posto de matrícula da SEC. Sem saber o que fazer, a direção do Colégio preferiu jogar para os estudantes a responsabilidade de atrair gente, pois, estavam de mãos atadas pela SEC.

A tentativa falha da Secretaria em aplicar o Programa Integral no Central, que historicamente é um colégio do ensino médio regular e que portanto atende outro perfil de estudante, coincide com uma série de movimentações da SEC para fechar outras instituições de ensino no Centro da cidade. O mesmo já vem acontecendo no Colégio Senhor do Bonfim, nos Barris, onde após perder o Centro Noturno Junot Silveira para o Teixeira de Freitas que já faz parte do grupo das instituições com o índice mais estável de matrícula entre todas do Centro da Cidade, após perder o programa, o CESB até então vem lutando pra se manter, mas recentemente a SEC radicalizou e exonerou sumariamente a diretoria eleita e reeleita do Colégio. A comunidade escolar está dando as respostas a medida com mobilização e moções de repúdio.

Centro Juvenil de Ciência e Cultura
Estas medidas da Secretaria da Educação estão equivocadas e os estudantes soteropolitanos são contra, pois, ao invés de buscar implementar medidas inovadoras como o CJCC no Central e o Centro Noturno no Teixeira de Freitas, o movimento feito é para esvaziamento, o que consequentemente pode superlotar as Escolas das regiões mais afastadas da Cidade, como Subúrbio e Cajazeiras por exemplo, onde grande parte não conta com uma estrutura de qualidade, já que os programas da SEC são voltados majoritariamente para “vitrines” da Secretaria como o Aplicação Anísio Teixeira, na Paralela e que divide espaço com o Instituto Anísio Teixeira – IAT.  É uma política centralizadora, não dialogada com o conjunto dos movimentos, muito menos com a comunidade escolar. A alegação é de que são decisões administrativas, mas como todas as decisões administrativas do Governo exercem impacto direto na vida da sociedade, nada mais justo que a sociedade exigir diálogo da parte do Governo.

O presidente do Grêmio do Central, Eduardo Oliveira, faz ponderações sobre a decisão da Secretaria e afirmou que a portaria afasta os estudantes que tem outras preocupações como o estágio: “A portaria acaba tirando a oportunidade de quem tem outras preocupações, principalmente quem trabalha, já que exige que todo mundo tenha que fazer integral.” Pontua Oliveira que finaliza: “Isso já era esperado depois que o Colégio se tornou centro integral, mas a portaria mesmo em vigor por mais de um ano, só veio valer agora e todo mundo vai ter que reajustar os planos e as matrículas também.” Observa. O presidente do Grêmio afirmou também que medidas assim afastam os estudantes do Central e que a escola corre o risco de fechar: “Infelizmente o Central tá caindo, medidas assim só afastam mais as pessoas ao invés de atrair, os problemas não estão todos relacionados ao integral, é um conjunto de coisas que empurram a Escola pra isso e desse jeito podemos fechar.” Finaliza.

Insatisfeitos, os estudantes do Central já convocaram mobilização para tentar reverter a medida da SEC, uma manifestação está marcada para a porta da Secretaria da Educação no CAB, para esta terça-feira (17) as 09h da manhã, mobilizado pelas redes sociais. Quem convoca manifestação para o mesmo horário e local é o Grêmio do Senhor do Bonfim que vai protestar contra a exoneração sumária da diretora. O Presidente da AGES, Pedro Correia, reafirmou a prioridade da entidade na construção do ato nesta terça-feira: “A AGES construirá o ato da porta da SEC para mandar ao Secretário o recado dos estudantes de que os órgãos da própria pasta, como o Núcleo Regional de Educação 26, estão trabalhando na contramão do debate democrático dentro das Escolas.” Pontua Correia que finalizou: “outra questão grave é a situação dos funcionários terceirizados, que todo ano sofrem descaso e desrespeito.” Finaliza.

No caso do Colégio Central, cabe a Superintendência de Políticas para a Educação Básica da Secretaria da Educação, procurar diálogo com a comunidade para rever a medida. O que ainda não foi feito. É preciso que a SUPED compreenda que a implementação do Programa Integral devem ser de acordo com a realidade específica de cada Colégio, se fosse aplicado com a mesma intensidade como é aplicado nas regiões mais centrais, no subúrbio e outras regiões. A política que implementou o Centro Juvenil de Ciência e Cultura no colégio Central não chegou as regiões mais periféricas de Salvador, onde poderia exercer um papel fundamental para a interação Escola-Estudante, proporcionando um ambiente melhor para estudar, já que a Escola passaria a ter mais atratividade. A SEC avança mas retrocede em seguida, o que significa que é mais do que necessária uma mudança de postura, principalmente no diálogo com os seguimentos da comunidade escolar.

A diretoria da AGES e os Grêmios reafirmam a disposição ao diálogo, mas enfatiza a necessidade da SEC em fazer a autocrítica e trabalhar em parceria para que os problemas em questão sejam reavaliados e posteriormente sanados.

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