Pensar educação nos remete a
reflexão sobre qual perspectiva de sociedade queremos construir, se tornando o
pilar fundamental da formação da sociedade. Quando aprofundamos mais o debate,
podemos perceber que apesar dos avanços históricos e importantes, a lógica dos
números e estatística ainda está impregnada nos governos, que resultam por não
compreender por completo os anseios da educação pública brasileira.
Avanços cruciais e
históricos da educação pública no último período, como o
investimento equivalente a 10% do PIB para educação pública no próximo PNE, Lei
das Cotas sociais e raciais Instrumento central para a democratização do acesso
às universidades e institutos técnicos federais, a medida também qualifica o
ensino médio público, que se tornou uma importante porta de entrada para o
ensino superior de qualidade e a criação do FUNDEB, são exemplos de avanços
fundamentais para a educação pública brasileira.
Avançamos muito
no último período em matéria de educação. Mas hoje há o relativo consenso de
que o baixo nível educacional da força de trabalho de grande parte da
população, é um dos fatores limitativos de um crescimento mais amplo. É custoso
entender como antes o Brasil podia crescer mais com pouca educação e agora não
pode mais. Enquanto dúvidas como esta existir, não haverá consenso social de
que educação é prioridade absoluta no país, pois, o Estado brasileiro ainda não
admite que a educação continua sendo um dos entraves do crescimento do Brasil.
É preciso dialogar na
perspectiva da consolidação das mudanças e conquistas que trazem o Plano
Nacional de Educação – PNE, que cumpre o papel de um projeto republicano e
democrático de educação pública, a criação do Fórum e da Conferência Nacional
de Educação, espaços democráticos, que permitiu diálogo direto da sociedade
civil com o Governo Federal, no sentido de garantir
a participação da sociedade nas discussões pertinentes à melhoria da educação
nacional.
O atraso
educacional no Brasil data de fins do século 18 e início do século 19, onde se
estendeu até meados do século 20. A partir disso, o crescimento da educação no
país cresceu em números importantes, mas não se conseguiu compensar em 50 anos
um atraso que se acumulou por séculos. A medida em que o Brasil crescia tão
rápido, a partir de uma base tão reles, as dificuldades e limitações foram
inevitáveis. Portanto, foi a partir dos Governos de Lula e Dilma, que chegamos
próximos de uma ruptura a este modelo de educação Europeu com reformas
inéditas, porém, houve recuos com a manutenção do atual modelo de avaliação do
estudante e a falta de um projeto consistente que reformule o ensino médio, por
exemplo. É preciso avançar no sentido da garantia de uma educação pública,
básica e de qualidade e um novo projeto de ensino médio.
Sem dúvidas
ainda temos muitos desafios pela frente, inclusive os de ampliar acúmulos
históricos semeados pela luta dos movimentos sociais brasileiro, que
historicamente são os principais protagonistas nas conquistas dos principais avanços
da nossa história recente, portanto, é encorajador afirmar, diante da
envergadura desse desafio, que a escola pública que por tanto tempo sonhamos
reúne condições reais para tornar-se realidade trilhando o caminho da
construção de um projeto educacional único, que cumpra o seu papel de formador
de cidadãs e cidadãos comprometidos com o futuro do país, e que rompa com esse
modelo atrasado e ineficiente onde a base curricular é fragmentada de acordo
com as regiões do país, portanto, dialogar no sentido de construir um currículo
escolar nacional comum, abrangendo culturas e expressões dos mais diversos
estados do país, tornando assim, uma educação pautada no desenvolvimento e na
valorização da cultura nacional.
* Rafael Fonseca é diretor de Grêmios Estudantis da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES.
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