quinta-feira, 20 de março de 2014

MAIS UMA VEZ SEM FUNCIONÁRIOS, ESCOLAS PÚBLICAS SUSPENDEM AS AULAS. NO COLÉGIO SENHOR DO BOMFIM QUEM GARANTIU A LIMPEZA DAS SALAS FORAM OS PRÓPRIOS ESTUDANTES

Equipe do Grêmio Estudantil do CESB que participou do mutirão de limpeza
A novela da falta de pagamento aos funcionários terceirizados que prestam serviços as escolas públicas do Estado vem mostrando que não pretende chegar ao fim tão cedo.  Esse jogo de empurra entre Governo do Estado e empresários do setor vem prejudicando o funcionamento das Escolas em várias regiões de Salvador. Nesta quinta-feira (20) se não fosse à vontade coletiva dos estudantes do Colégio Estadual Senhor do Bomfim, nos Barris, organizados pelo Grêmio Estudantil, a instituição permaneceria fechada como já vem acontecendo desde o início da semana (grande parte devido à paralisação nacional dos professores convocados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação). O mutirão organizado pelos estudantes garantiu que uma parcela dos estudantes do CESB tivessem suas aulas ministradas normalmente, mas a realidade ainda é dura e como sempre, não há previsão alguma de que os salários dos trabalhadores terceirizados sejam regularizados.

O presidente do Grêmio Estudantil do CESB, Lucas Matheus, que também é vice-presidente da AGES, observa que a situação ainda está longe de se normalizar: “Não há previsão e a Secretaria da Educação parece que não faz questão de se posicionar. Já começamos o ano letivo atrasado devido a ultima greve e mais uma vez enfrentar outra paralisação dos terceirizados é no mínimo irresponsabilidade do Estado com a Educação pública.” Pontuou Matheus que finalizou: “Portanto, cabe a nós estudantes garantir minimamente as condições para as nossas aulas, afinal, professor tem, equipe gestora também tem, o que não tem é funcionário porque o Governo ainda tá na quebra de braço com empresários irresponsáveis.” Afirmou.

A previsão das Escolas é que já na próxima semana o ano letivo começasse a todo vapor, mas muitas instituições terão que se readaptar a mais este capítulo dessa novela interminável. O modelo de terceirização empregado no Brasil, além de desrespeitar a classe trabalhadora com arrocho salarial e péssimas condições de trabalho, ainda deixa a rede pública de ensino refém da boa vontade de empresas sem escrúpulos, que só visam o lucro fácil das licitações abertas pelos governos e não dão garantias mínimas aos trabalhadores de estabilidade no emprego. Infelizmente ainda é uma triste realidade combatida inclusive pela Central Única dos Trabalhadores que vem dialogando com a classe os malefícios da terceirização, porque afinal, benefícios mesmo, só para os empresários e as contas bancárias de suas empresas que na grande maioria das vezes, fingem não saber o que significa o que é a legislação trabalhista.

Estudante limpa sala de aula durante mutirão
Ao exemplo de cidadania dado nesta quinta (20) pelos estudantes do Colégio Estadual Senhor do Bomfim, cabe o respeito e saudações tanto do movimento estudantil organizado, quanto da própria equipe gestora da instituição que encontra nestes estudantes a vontade de fazer um trabalho cada vez melhor e com o apoio do conjunto da comunidade escolar. Já ao Governo e as empresas terceirizadas, cabem as criticas e uma profunda reflexão do quão prejudicados são tanto os trabalhadores assalariados e os estudantes, que ainda enxergam na escola pública a oportunidade de ingressarem na Universidade.

Portanto, não temos a menor dúvida de que esta lamentável situação ainda está longe (infelizmente) de terminar, o que exigirá do movimento estudantil organizado uma atuação contundente e firme para combater a precarização de uma classe historicamente afinada com as lutas estudantis.

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