NOTA DE REPÚDIO
OS FILHOS DE CAJAZEIRAS NÃO VÃO BATER CONTINÊNCIA!
A Associação de Grêmios e Estudantes
de Salvador – AGES, e a União Estadual Dos Estudantes Secundaristas da Bahia –
UEES - BA, entidades de representação dos estudantes secundaristas, vem por meio
desta nota, repudiar e posiciona-se contrarias a decisão da secretaria estadual
de educação da Bahia, em anunciar a migração do Colégio Estadual Edvaldo
Brandão, no bairro de Cajazeiras IV, para uma unidade do Colégio da Policia
Militar.
Essa não deve ser a resposta para a ausência
de uma política prioritária para as instituições de ensino da região periférica
de nossa cidade. Cajazeiras é um bairro com mais de 600 mil habitantes e o Colégio
Estadual Edvaldo Brandão, uma das maiores instituições de ensino do bairro, que
tem além do ensino normal é a única que possui ensino técnico, não pode ter o
debate sobre suas dificuldade encarados pelo viés da militarização de seu
ensino. Fechar o Colégio dentro da conjuntura política nacional com corte de
verbas e desvalorização do ensino público é um retrocesso, retrocesso esse que
será combatido por nós pelo fato de entendermos a relevância dessa escola
dentro da comunidade, por quem lá já passou, e hoje lá estuda.
O regime militar de ensino não é o
adequado, principalmente para o bairro, que já vive criminalizado por ações
truculentas e descabidas da própria polícia militar, e quando se pensa em
processo de participação e empoderamento de opinião crítica da juventude a
situação se agrava mais ainda, tendo em vista que vemos hoje o sectarismo generalizado
de opiniões e comportamentos opressores, dados como exemplo os seguidores de Bolsonaro,
muitos deste jovens estudantes produzidos e oriundos de colégios militares, que
em parcela significativa se tornam machistas, homofóbicos e racistas, por terem
sido excluídos de sua convivência a liberdade e respeito de opiniões diversas
bem como o direito de pratica-las, servindo a uma doutrina de bater continência
e a solidão diária do silêncio, além dos abusos de punições que são relatadas nestes ambientes escolares, o que nos faz
refletir que esta ação é extremamente um retrocesso sobre tudo no que tange se
pensar para educação pública de nosso estado, como formadora de conhecimento e
cidadania.
A secretaria da educação deveria ao invés
de ceder a este tipo de regime de ensino militarizado, priorizar ações que
resolvam os problemas da rede pública do estado, como a falta de professores,
reforma da estrutura física das unidades, e destinar mais investimentos no
processo de valorização e qualidade do ensino, a promoção e fortalecimento do
ensino técnico, da cultura e da pratica de esportes nestas instituições, ao invés
de ficar buscando soluções fáceis para os problemas causados por sua falta de
prioridade.
O Colégio Estadual Edvaldo Brandão se
mantém vivo e ativo há 35 anos, e tem tido uma participação efetiva dentro do
bairro de Cajazeiras, bairro esse que é o maior da América Latina e o 3º maior
bairro do mundo, nessa escola tem projetos como o EJA e o Universidade Para
Todos e diversos outros projetos, além do ensino normal e técnico, o relocado destes,
para outra unidade de ensino, jamais poderão reparar o impacto negativo de uma
decisão arbitraria como está para a Comunidade. Ainda mesmo assim que a
argumentação da secretaria de educação se norteia em justificar a decisão de
que os CPMs tem uma elevada qualidade de ensino, assinam em baixo o atestado de
incapacidade de executar na sua própria rede de ensino a mesma qualidade que
hoje dispõe nestas instituições militarizadas.
Em tempo que a luta do movimento estudantil
tem sido em reparar o que foi de mais obscuro e aterrorizante vivido no regime
militar e manchou mais de 20 anos da história de nosso país, quando partimos
para luta em retirar das fachadas de nossas escolas e colégios o nome de
generais militares torturadores, está ação da secretaria estadual de educação
representa o caminho inverso de toda esta batalha.
E neste sentido a AGES assim como se posicionou
contraria quando os colégios João Florence e Luiz Tarquínio na península
itapagipana foram militarizados, mais uma vez vem a público conclamar os
estudantes do Colégio Edvaldo Brandão, das demais instituições de ensino ao
redor e toda a comunidade do bairro de Cajazeiras, de ser contrários a esta
decisão arbitraria.
O que a juventude de cajazeiras
precisa é de mais oportunidades, mais cultura, cidadania, esporte e lazer, e
que o estado cumpra o seu papel, em executar o que hoje já temos por direito,
uma escola livre e democrática paratodxs!
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