domingo, 20 de agosto de 2017

AGES E UEES - BA, EMITEM NOTA DE REPÚDIO A MUDANÇA NO COLÉGIO ESTADUAL EDVALDO BRANDÃO

NOTA DE REPÚDIO

OS FILHOS DE CAJAZEIRAS NÃO VÃO BATER CONTINÊNCIA!

A Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador – AGES, e a União Estadual Dos Estudantes Secundaristas da Bahia – UEES - BA, entidades de representação dos estudantes secundaristas, vem por meio desta nota, repudiar e posiciona-se contrarias a decisão da secretaria estadual de educação da Bahia, em anunciar a migração do Colégio Estadual Edvaldo Brandão, no bairro de Cajazeiras IV, para uma unidade do Colégio da Policia Militar.

Essa não deve ser a resposta para a ausência de uma política prioritária para as instituições de ensino da região periférica de nossa cidade. Cajazeiras é um bairro com mais de 600 mil habitantes e o Colégio Estadual Edvaldo Brandão, uma das maiores instituições de ensino do bairro, que tem além do ensino normal é a única que possui ensino técnico, não pode ter o debate sobre suas dificuldade encarados pelo viés da militarização de seu ensino. Fechar o Colégio dentro da conjuntura política nacional com corte de verbas e desvalorização do ensino público é um retrocesso, retrocesso esse que será combatido por nós pelo fato de entendermos a relevância dessa escola dentro da comunidade, por quem lá já passou, e hoje lá estuda.

O regime militar de ensino não é o adequado, principalmente para o bairro, que já vive criminalizado por ações truculentas e descabidas da própria polícia militar, e quando se pensa em processo de participação e empoderamento de opinião crítica da juventude a situação se agrava mais ainda, tendo em vista que vemos hoje o sectarismo generalizado de opiniões e comportamentos opressores, dados como exemplo os seguidores de Bolsonaro, muitos deste jovens estudantes produzidos e oriundos de colégios militares, que em parcela significativa se tornam machistas, homofóbicos e racistas, por terem sido excluídos de sua convivência a liberdade e respeito de opiniões diversas bem como o direito de pratica-las, servindo a uma doutrina de bater continência e a solidão diária do silêncio, além dos abusos de punições que são relatadas nestes ambientes escolares, o que nos faz refletir que esta ação é extremamente um retrocesso sobre tudo no que tange se pensar para educação pública de nosso estado, como formadora de conhecimento e cidadania.

A secretaria da educação deveria ao invés de ceder a este tipo de regime de ensino militarizado, priorizar ações que resolvam os problemas da rede pública do estado, como a falta de professores, reforma da estrutura física das unidades, e destinar mais investimentos no processo de valorização e qualidade do ensino, a promoção e fortalecimento do ensino técnico, da cultura e da pratica de esportes nestas instituições, ao invés de ficar buscando soluções fáceis para os problemas causados por sua falta de prioridade.

O Colégio Estadual Edvaldo Brandão se mantém vivo e ativo há 35 anos, e tem tido uma participação efetiva dentro do bairro de Cajazeiras, bairro esse que é o maior da América Latina e o 3º maior bairro do mundo, nessa escola tem projetos como o EJA e o Universidade Para Todos e diversos outros projetos, além do ensino normal e técnico, o relocado destes, para outra unidade de ensino, jamais poderão reparar o impacto negativo de uma decisão arbitraria como está para a Comunidade. Ainda mesmo assim que a argumentação da secretaria de educação se norteia em justificar a decisão de que os CPMs tem uma elevada qualidade de ensino, assinam em baixo o atestado de incapacidade de executar na sua própria rede de ensino a mesma qualidade que hoje dispõe nestas instituições militarizadas.

Em tempo que a luta do movimento estudantil tem sido em reparar o que foi de mais obscuro e aterrorizante vivido no regime militar e manchou mais de 20 anos da história de nosso país, quando partimos para luta em retirar das fachadas de nossas escolas e colégios o nome de generais militares torturadores, está ação da secretaria estadual de educação representa o caminho inverso de toda esta batalha.
E neste sentido a AGES assim como se posicionou contraria quando os colégios João Florence e Luiz Tarquínio na península itapagipana foram militarizados, mais uma vez vem a público conclamar os estudantes do Colégio Edvaldo Brandão, das demais instituições de ensino ao redor e toda a comunidade do bairro de Cajazeiras, de ser contrários a esta decisão arbitraria.

O que a juventude de cajazeiras precisa é de mais oportunidades, mais cultura, cidadania, esporte e lazer, e que o estado cumpra o seu papel, em executar o que hoje já temos por direito, uma escola livre e democrática paratodxs!


Nenhum comentário:

Postar um comentário