Na tarde desta
quarta-feira, dia 04/05, estudantes ocuparam a assembleia legislativa do estado
da Bahia para acompanhar a votação do plano estadual de educação. No dia
anterior a votação, foi discutida e aprovada pelos deputados a ementa proposta
pelo deputado pastor Sargento Isidoiro, que consiste basicamente na retirada do
debate de gênero e sexualidade como meta do PEE.
Lideranças do
movimento estudantil estiveram presentes no processo de votação, se posicionando
contra a aprovação da emenda que consideraram um retrocesso para a educação
estadual.
Segundo Catarina Bahia, presidenta da Associação
de Grêmios e Estudantes de Salvador (AGES); "... Impedir o debate de gênero e
sexualidade nas escolas é compactuar com a cultura de opressões sofridas pelas
mulheres e LGBTs dentro do ambiente escolar. Se não levantarmos esses debates no
âmbito que nos prepara para viver em sociedade, nunca vamos parar de reproduzir
esses preconceitos e violências...” Afirmou Bahia.
O fato de as alterações
não terem sido discutidas com os estudantes, que são os mais interessados e
afetados por todo este processo, fez com que o sentimento de revolta fosse
evidente.
O deputado pastor
Isidorio foi responsável por várias agressões verbais relatadas pelos estudantes
que se manifestavam contra a emenda. Com argumentos religiosos fundamentalistas
como “família é homem e mulher, ensinar o contrário nas escolas é estimular
ofensas a Deus”, o Plano Estadual de Educação foi aprovado em uma manobra do
presidente da câmara, Marcelo Nilo, que fez com que a votação fosse por blocos
políticos, não dando nem mesmo aos deputados a oportunidade de argumentar ou
debater.
Ao saírem da assembleia, os estudantes expressaram
sua indignação através de palavras de ordem. Para a diretora de políticas
educacionais da União Estadual dos Estudantes Secundaristas da Bahia (UEES- BA),
Adélia Alcântara, a sessão não representou os interesses dos estudantes; “... Esta sessão foi um imenso retrocesso para os estudantes baianos,
nós já temos uma escola extremamente arcaica que não atenda às nossas demandas,
agora acompanhamos deputados aprovando um Plano Estadual de Educação que mais
uma vez não nos representa. Debater gênero e sexualidade na escola é uma
necessidade, não um privilégio, e fazer isso baseando-se em uma única religião dentro
um estado laico, é colocar a bíblia acima da constituição...”
Ao ser questionado
sobre o andamento da votação, Pedro Correia, vice-presidente da União
Brasileira Dos Estudantes Secundaristas, se disse estarrecido com tamanho
desrespeito; "... O tratamento dos apoiadores da emenda do pastor Isidorio para com
os estudantes foi absurdo! Somos os mais afetados por esta aprovação, e nem fomos
questionados sobre isso, que tipo de democracia nós temos se nem mesmo podemos
opinar sobre nossas escolas? Esta votação foi desrespeitosa e pouco
democrática, não é isso o que a juventude quer para a educação..." destacou Pedro.
Com o fim da votação,
os estudantes saíram da assembleia legislativa com a promessa de fortalecer os
debates dentro das escolas e combater o fundamentalismo na política, elegendo o
pastor Isidorio como seu inimigo número um, classificando-o como machista e
LGFBTfóbico.
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