A estudantes Laís de Jesus, 16 anos, estudante da 3° série do ensino médio, do Colégio Estadual Costa e Silva, localizado na Ribeira, sofreu na manhã desta terça-feira (29/03), ato de preconceito, por parte de vice diretor Prof. Celso, por usar turbante e o mesmo não permitir a sua entrada na instituição de ensino.
A estudante revoltada denunciou a situação e uma nota de repudio foi elaborada e divulgada em diversos meios de comunicação, principalmente nas redes sociais.
Leia na íntegra a nota de repúdio :
NOTA DE REPÚDIO AO VICE-DIRETOR DO COSTA E SILVA, Prof. CELSO.
Quero relatar a minha indignação pela humilhaçao que passei na manhã de hoje no Colégio Estadual Presidente Costa e Silva.
Fui barrada no portão e submetida a um constrangimento enorme na frente dos meus colegas, amigos e funcionários por usar um turbante!
Sim, o vice-diretor me impediu de entrar na UE e ainda me desrespeitou como estudante e acima de tudo como pessoa. Me senti extremamente ofendida, envergonhada e humilhada na frente de colegas, amigos e funcionários quando ele perguntou "Qual o motivo do seu torço?" Eu disse: coloquei porque quis, me senti a vontade. Ele retrucou: Você não pode entrar se não por um motivo religioso, a escola não é carnaval e não posso permitir um aluno a entrar com a cabeça coberta. EU O ALERTEI DIZENDO QUE ELE ESTAVA ME DISCRIMINANDO RACIALMENTE E ELE ALEGOU QUE EU ESTAVA ME APROPRIANDO DE UMA CULTURA QUE NAO ERA MINHA E QUE EU NÃO DEVERIA AUMENTAR O MEU TOM DE VOZ POIS ELE ERA O VICE-DIRETOR E EU APENAS UMA MERA ALUNA.
Não quero comoção de ninguém muito menos despertar a fúria, quero apenas que ele tome conhecimento dos meus direitos como estudante e acima de tudo como pessoa. Ele não pode nem nunca pôde impedir ninguém de entrar na escola por ela ser um espaço público onde qualquer pessoa com qualquer raça, gênero ou cor tem direito de entrar.
O meu caso é só mais um e se os demais que venham a passar por isso se calarem isso irá se repetir por milênios! O meu torço deve ser aceitado independente de eu ser candomblecista ou não. Essa regra deve ter mais de 100 anos, nós já estamos em 2016 e isso é lamentável!
Conclui a Nota.
A diretoria de combate ao Racismo da AGES, se posicionou denunciando mais este fato; "... É lamentável que em tempos onde a auto afirmação de costumes afros se torna cada vez mais respeitado e visível em nossa sociedade, um gestor de escola querer proibir uma estudante de ter acesso a unidade escolar por causa de seu turbante, amanhã não só ela como todxs os estudantes que resistem e apoiam a causa deveriam todos irem de turbantes, pra demonstrar que é mais do que uma questão religiosa e sim a afirmação de quem luta por igualdade e respeito... eles já não nos garantem o que é por direito nosso que é o cumprimento da lei 10.639/03 da Afroeducão na rede publica de ensino e agora quer nos impedir, não passaram ! Um ato está sendo organizado em defesa do uso de turbantes e de costumes afros nas escolas, e pra denunciar gestores que insistem em caracterizar como um estudante negro deve se vestir e se comportar nestas instituições de ensino ..." afirmou Ralph Oliveira diretor de combate ao Racismo da AGES.
Não toque em nossos turbantes, não mexam no meu Black pois são nossos instrumentos de luta contra o racismo e o preconceito !
O fato comoveu centenas de estudantes que marcaram atos de defesa do usos de turbante, para essa quarta-feira (30/03) e a mobilização já começou nas redes sócias, com postagens de fotos de turbantes.