|
DESABAFO DE ESTUDANTE NO FACE |
No
dia 30 de Julho a diretoria plena da Associação Baiana Estudantil Secundarista –
ABES, lançou nota de repúdio em seu perfil oficial no facebook contra a AGES,
nada de construtivo para o movimento estudantil secundarista baiano é claro, mas
para a diretoria da entidade estadual que há anos deixou de representar os
verdadeiros anseios dos estudantes secundaristas baianos, a nota consegue
influenciar na opinião da estudantada. Mas será?
No
dia 1º de Agosto o estudante do CEEP Severino Vieira, Lucas Rodê, que
presenciou de perto a conturbada posse da entidade estadual emitiu sua opinião através de seu perfil no facebook, o estudante que constrói o Grêmio Estudantil
do Severino e participa das lutas cotidianas da Escola se mostrou indignado com
a forma que os diretores da ABES se referiram ao conjunto dos estudantes do
Severino, para a ABES os estudantes que constroem o Grêmio Estudantil do CEEP
Severino Vieira são “racistas, homofóbicos e machistas”, acusações nada
politizadas para uma entidade que se autodenomina “representar a luta dos
estudantes secundaristas baianos”, mas pelo visto, só conseguem representar uma
parcela minoritária do movimento estudantil baiano: eles mesmos. Rodê no seu
face, de forma involuntária desmembra parágrafo por parágrafo da nota da ABES: “Nossos
colegas estudantes do Severino Vieira não são homofóbicos e racistas, muito
pelo contrário, no dia 30 de Julho tínhamos uma atividade pedagógica promovida
pelo Grêmio do Colégio, cujo não possui vínculo partidário nenhum, e a ABES de
forma autoritária impôs a realização da posse, sem o mínino de discernimento de
saber se algo iria acontecer neste dia, não questionaram nem a direção do colégio,
nem a nós do Grêmio se algo iria ocorrer no dia, simplesmente chegaram e
entraram no auditório, inclusive impedindo a entrada de estudantes do Severino
Vieira.” Pontua o estudante que prossegue: “lá dentro um protesto foi iniciado
por ação involuntária dos nossos alunos que gritaram Não Nos Representa e foram
rebatidas com agressões verbais e ameaças de agressão nas quais sofri três
vezes por parte dos militantes da UJS, inclusive sendo puxado pela camisa ao
ponto de quase rasgá-la por parte de um militante deles que vestia preto.”
|
TRECHO DO B.O REGISTRADO |
O
histórico de violência e de repressão da parte dos dirigentes da ABES a
estudantes não é um fator novo, relembra o próprio Lucas Rode: “o presidente da
ABES, o senhor Nadson tem uma queixa na delegacia por tentativa de agressão a
uma militante da AGES, suas calúnias e as da sua associação são rebatidas com
argumentos e verdades”. O fato da agressão ao qual Lucas refere-se é sobre a
tentativa de agressão sofrida pela estudante Ivana Santana do subúrbio ferroviário
de Salvador, no dia 28 de Julho em frente ao Colégio Estadual Edson Tenório de
Albuquerque, em Paripe, o presidente da ABES tentou agredi-la com um pedaço de
madeira em meio à confusão onde o principal alvo era justamente o presidente da
AGES, Pedro Correia, que também é presidente do Grêmio Estudantil do Colégio
Estadual Teixeira de Freitas, no centro da cidade. A tentativa gerou um Boletim
de Ocorrência registrado na 5º Circunscrição da Policial contra Nadson
Rodrigues que chegou a prestar depoimento, como também gerou moção de repúdio
das feministas secundaristas que classificou a tentativa como “absurda e
inaceitável”. O desabafo do estudante Lucas Rodê em seu próprio perfil no
facebook é o reflexo do que é a ABES hoje: uma entidade dividida, superficial e
sem o reconhecimento da base do movimento estudantil, a entidade que há pelo
menos 15 anos atrás conseguira organizar os estudantes, hoje não passa de um
conglomerado de forças políticas regadas a acordos e congressos artificiais,
inclusive um deles é o citado pela própria nota da ABES, nos dias 12 e 13 de
Dezembro no município de Simões Filho, no qual a AGES fez parte da bancada que
se retirou do congresso justamente por não concordar com os ditames da força
política que majoritariamente consegue travar os destinos da entidade que um
dia já foi de luta, e a transforma numa plataforma voltada para sua
autoconstrução, esquecendo que o conjunto do movimento estudantil é composto
por setores muito mais amplos do que a superficialidade e os interesses
singulares de uma única força política.
A
AGES enquanto entidade de representação, luta e organização do conjunto dos
estudantes secundaristas da cidade do São Salvador tem posição clara com relação
aos ataques descabidos por parte desse setor minoritário do movimento
estudantil, somos uma entidade que há 10 anos constroe organicamente o
movimento secundarista soteropolitano, é claro que esse processo de
organicidade e luta cotidiana ainda incomoda aqueles e aquelas que se auto
proclamam “donos do movimento estudantil”, afinal, nunca precisamos estabelecer
acordos políticos fajutos para construir o M.E secundarista, nosso processo de
construção sempre se deu e sempre se dará na base do movimento, em cada Grêmio,
em cada Escola, em cada Estudante que são os verdadeiros pilares de sustentação
da existência da AGES. Podemos não ter um convênio assinado com os empresários
de ônibus para taxar o Salvador Card, podemos não ter uma militância
profissionalizada, mas temos acima de tudo isso uma característica fundamental
para a construção da luta dos estudantes secundaristas: respeito, e é através
do respeito que conquistamos os corações e mentes de cada estudante que hoje
tem orgulho em fazer parte desta organização que não tem um currículum marcado
por escândalos financeiros, acordos inescrupulosos e golpes.
Todo
o histórico de luta que a Associação Baiana Estudantil Secundarista construiu
durante as trincheiras de luta no combate ao regime militar é constantemente
jogada no fundo do poço da politicagem, com uma diretoria inerte e despolitizada,
a entidade segue deficiente, sem plataforma própria de luta, sem base e sem proximidade
e identidade com os anseios dos estudantes secundaristas baianos, onde as
forças políticas que a dirigem entendem de forma equivocada a ABES como uma espécie
de “tribunal do movimento estudantil” onde eles dizem quem é reconhecido e quem
não é, quando no fim das contas o reconhecimento e identidade dos estudantes
termina passando muito longe de uma ABES ferida por gestões que jogaram o histórico
de luta da mesma no fundo do poço.