sexta-feira, 6 de maio de 2016

O INIMIGO NÚMERO UM

Na tarde desta quarta-feira, dia 04/05, estudantes ocuparam a assembleia legislativa do estado da Bahia para acompanhar a votação do plano estadual de educação. No dia anterior a votação, foi discutida e aprovada pelos deputados a ementa proposta pelo deputado pastor Sargento Isidoiro, que consiste basicamente na retirada do debate de gênero e sexualidade como meta do PEE.

Lideranças do movimento estudantil estiveram presentes no processo de votação, se posicionando contra a aprovação da emenda que consideraram um retrocesso para a educação estadual.

 Segundo Catarina Bahia, presidenta da Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador (AGES); "... Impedir o debate de gênero e sexualidade nas escolas é compactuar com a cultura de opressões sofridas pelas mulheres e LGBTs dentro do ambiente escolar. Se não levantarmos esses debates no âmbito que nos prepara para viver em sociedade, nunca vamos parar de reproduzir esses preconceitos e violências...” Afirmou Bahia.

O fato de as alterações não terem sido discutidas com os estudantes, que são os mais interessados e afetados por todo este processo, fez com que o sentimento de revolta fosse evidente.

O deputado pastor Isidorio foi responsável por várias agressões verbais relatadas pelos estudantes que se manifestavam contra a emenda. Com argumentos religiosos fundamentalistas como “família é homem e mulher, ensinar o contrário nas escolas é estimular ofensas a Deus”, o Plano Estadual de Educação foi aprovado em uma manobra do presidente da câmara, Marcelo Nilo, que fez com que a votação fosse por blocos políticos, não dando nem mesmo aos deputados a oportunidade de argumentar ou debater.

Ao saírem da assembleia, os estudantes expressaram sua indignação através de palavras de ordem. Para a diretora de políticas educacionais da União Estadual dos Estudantes Secundaristas da Bahia (UEES- BA), Adélia Alcântara, a sessão não representou os interesses dos estudantes;  “... Esta sessão foi um imenso retrocesso para os estudantes baianos, nós já temos uma escola extremamente arcaica que não atenda às nossas demandas, agora acompanhamos deputados aprovando um Plano Estadual de Educação que mais uma vez não nos representa. Debater gênero e sexualidade na escola é uma necessidade, não um privilégio, e fazer isso baseando-se em uma única religião dentro um estado laico, é colocar a bíblia acima da constituição...”

Ao ser questionado sobre o andamento da votação, Pedro Correia, vice-presidente da União Brasileira Dos Estudantes Secundaristas, se disse estarrecido com tamanho desrespeito; "... O tratamento dos apoiadores da emenda do pastor Isidorio para com os estudantes foi absurdo! Somos os mais afetados por esta aprovação, e nem fomos questionados sobre isso, que tipo de democracia nós temos se nem mesmo podemos opinar sobre nossas escolas? Esta votação foi desrespeitosa e pouco democrática, não é isso o que a juventude quer para a educação..." destacou Pedro.

Com o fim da votação, os estudantes saíram da assembleia legislativa com a promessa de fortalecer os debates dentro das escolas e combater o fundamentalismo na política, elegendo o pastor Isidorio como seu inimigo número um, classificando-o como machista e LGFBTfóbico.



  



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