Estudantes do Cleriston Andrade estudam sob proteção de guarda-chuvas para se proteger das goteiras nas salas de aulas |
Parece brincadeira, mas não
é. No período de chuvas, Salvador fica de joelhos e o caos se instala na
cidade. O resultado do caos é uma soma da falta histórica de investimentos em
saneamento básico e falta de conscientização da própria população, de que jogar
lixo na rua torna ainda mais difícil o escoamento da água no já limitado
sistema de esgoto de Salvador. As áreas
da cidade que mais sofrem com a falta de investimentos em saneamento básico são
as grandes periferias, historicamente invisíveis aos olhos dos governos. E não
é só a falta de saneamento que faz parte da rotina dos moradores do subúrbio,
escolas em condições precárias infelizmente também fazem.
O Colégio Estadual Clériston
Andrade, no subúrbio, está degradado e representa a triste realidade de grande
parte das Escolas Estaduais da região, e recentemente com o período das chuvas,
as goteiras passaram a fazer parte do cotidiano da comunidade escolar. A
instituição de ensino há anos não passa por uma reforma, segundo os alunos, e além
dos inúmeros problemas com a estrutura interna, os estudantes e comunidade tem
de lhe dar ainda com a onda de assaltos que assolam a região em plena luz do
dia. Segundo a Associação Comunitária Sara Kertsz, o Clériston é uma das
maiores Escolas do subúrbio e se encontra em um estado lamentável, sem a menor
atenção da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.
Área externa do Cleriston: pichações, ferrugem e sujeiras. |
Os estudantes do Clériston
já haviam manifestado insatisfação com a situação, no dia 19 de Março, uma
manifestação foi realizada nos arredores da Escola contra a falta de
funcionários, falta de aulas, e contra a precária estrutura. Nenhuma resposta
efetiva da SEC foi dada ainda, tanto é que os estudantes continuam abandonados,
sob proteção apenas de um guarda-chuvas para se proteger das goteiras que
divide espaço com os cadernos e livros na sala de aula.
Segundo dados do site da
SEC, estão matriculados no Cleriston Andrade 1.910 estudantes, sendo 855 de
ensino médio, 946 de ensino fundamental e 115 do ensino profissionalizante.
Estudantes sob guarda-chuvas em outro ângulo. |
Com a falta de aulas
constante, sem a menor segurança, com uma estrutura precária e abandonados
pelos poder público o resultado não poderia ser outro: a evasão escolar,
realidade que assola milhares de Escolas nos bairros mais periféricos de
Salvador e portanto, é preciso que a mais recente arma do Governo do Estado, o
Pacto pela Educação, dialogue também com a realidade das periferias que são os
maiores prejudicados com a falta de investimentos na educação, pois, não vale
um Pacto sem ações concretas que tenham impacto direto no cotidiano dos
estudantes, melhorando a qualidade da escola, valorizando os professores,
melhorando a qualidade da merenda e acompanhando de perto as situações que
colocam em xeque a política educacional do Governo do Estado. Acompanhamento
este que vem faltando por parte da SEC, essa realidade não é exclusividade do
Cleriston, é um triste retrato da educação na Bahia.
Se o Núcleo Regional de
Educação 26 de fato funcionasse e trabalhasse para mapear e articular ações com
as superintendências responsáveis da SEC para combater a degradação e ausência
da qualidade na educação, mais esforços se somariam na luta por melhorias, mas
enquanto o coordenador geral da NRE 26, Luiz Henrique Bottas Peixotto,
continuar se dedicando apenas a construir e fortalecer único e exclusivamente o
seu grupo político, retornando a algo que tinha foi banido há anos atrás: as
velhas indicações, desrespeitando o decreto que institui as Eleições Diretas, a
NRE não deixará de continuar sendo um aparelho de promoção e acomodação
apadrinhados.
“Levante-se e lute!”
Cansados de conviver com esta dura realidade milhares de estudantes vão
as ruas no dia 29 de abril quarta-feira, por
todo o canto da cidade levar as ruas e a sociedade nossa indignação com a forma
que estamos sendo tratados nas escolas públicas. O GRITO DE BASTA está sendo ecoado nas salas,
corredores, pátios das escolas, incendiando mentes e corações dos estudantes
que acreditam na escola pública, que acreditam que uma outra realidade pode ser
conquistada.
Saiba mais sobre a manifestação do dia 29 de Abril.
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