quarta-feira, 15 de abril de 2015

DENÚNCIA: ESTUDANTES DE ESCOLA NO SUBÚRBIO DE SALVADOR ESTUDAM SOB PROTEÇÃO DE GUARDA-CHUVA DEVIDO AS GOTEIRAS NAS SALAS DE AULA. COM ESTRUTURA PRECÁRIA DA ESCOLA, A COMUNIDADE PEDE SOCORRO.

Estudantes do Cleriston Andrade estudam sob proteção de guarda-chuvas para se proteger das goteiras nas salas de aulas

Parece brincadeira, mas não é. No período de chuvas, Salvador fica de joelhos e o caos se instala na cidade. O resultado do caos é uma soma da falta histórica de investimentos em saneamento básico e falta de conscientização da própria população, de que jogar lixo na rua torna ainda mais difícil o escoamento da água no já limitado sistema de esgoto de Salvador.  As áreas da cidade que mais sofrem com a falta de investimentos em saneamento básico são as grandes periferias, historicamente invisíveis aos olhos dos governos. E não é só a falta de saneamento que faz parte da rotina dos moradores do subúrbio, escolas em condições precárias infelizmente também fazem.

O Colégio Estadual Clériston Andrade, no subúrbio, está degradado e representa a triste realidade de grande parte das Escolas Estaduais da região, e recentemente com o período das chuvas, as goteiras passaram a fazer parte do cotidiano da comunidade escolar. A instituição de ensino há anos não passa por uma reforma, segundo os alunos, e além dos inúmeros problemas com a estrutura interna, os estudantes e comunidade tem de lhe dar ainda com a onda de assaltos que assolam a região em plena luz do dia. Segundo a Associação Comunitária Sara Kertsz, o Clériston é uma das maiores Escolas do subúrbio e se encontra em um estado lamentável, sem a menor atenção da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.

Área externa do Cleriston: pichações, ferrugem e sujeiras.
Os estudantes do Clériston já haviam manifestado insatisfação com a situação, no dia 19 de Março, uma manifestação foi realizada nos arredores da Escola contra a falta de funcionários, falta de aulas, e contra a precária estrutura. Nenhuma resposta efetiva da SEC foi dada ainda, tanto é que os estudantes continuam abandonados, sob proteção apenas de um guarda-chuvas para se proteger das goteiras que divide espaço com os cadernos e livros na sala de aula.

Segundo dados do site da SEC, estão matriculados no Cleriston Andrade 1.910 estudantes, sendo 855 de ensino médio, 946 de ensino fundamental e 115 do ensino profissionalizante. 

Estudantes sob guarda-chuvas em outro ângulo.
Com a falta de aulas constante, sem a menor segurança, com uma estrutura precária e abandonados pelos poder público o resultado não poderia ser outro: a evasão escolar, realidade que assola milhares de Escolas nos bairros mais periféricos de Salvador e portanto, é preciso que a mais recente arma do Governo do Estado, o Pacto pela Educação, dialogue também com a realidade das periferias que são os maiores prejudicados com a falta de investimentos na educação, pois, não vale um Pacto sem ações concretas que tenham impacto direto no cotidiano dos estudantes, melhorando a qualidade da escola, valorizando os professores, melhorando a qualidade da merenda e acompanhando de perto as situações que colocam em xeque a política educacional do Governo do Estado. Acompanhamento este que vem faltando por parte da SEC, essa realidade não é exclusividade do Cleriston, é um triste retrato da educação na Bahia.

Se o Núcleo Regional de Educação 26 de fato funcionasse e trabalhasse para mapear e articular ações com as superintendências responsáveis da SEC para combater a degradação e ausência da qualidade na educação, mais esforços se somariam na luta por melhorias, mas enquanto o coordenador geral da NRE 26, Luiz Henrique Bottas Peixotto, continuar se dedicando apenas a construir e fortalecer único e exclusivamente o seu grupo político, retornando a algo que tinha foi banido há anos atrás: as velhas indicações, desrespeitando o decreto que institui as Eleições Diretas, a NRE não deixará de continuar sendo um aparelho de promoção e acomodação apadrinhados.

“Levante-se e lute!”

Cansados de conviver com esta dura realidade milhares de estudantes vão as ruas no dia 29 de abril quarta-feira, por todo o canto da cidade levar as ruas e a sociedade nossa indignação com a forma que estamos sendo tratados nas escolas públicas. O GRITO DE BASTA está sendo ecoado nas salas, corredores, pátios das escolas, incendiando mentes e corações dos estudantes que acreditam na escola pública, que acreditam que uma outra realidade pode ser conquistada.

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