Na manha desta quarta-feira (05/09) foi confirmada a indicação da companheira Débora Nepomuceno, militante e diretora da AGES, que assumirá a partir desta data a vice-Presidência nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES. Veja a baixo a sua nota de saudações.
NUNCA NOS PREPARAM PARA CHEGAR ONDE CHEGAMOS!
Quando se nasce mulher, preta, morando na periferia e conseguimos sobreviver, crescemos ouvindo que nossa melhor perspectiva de vida é achar um marido que possa nos sustentar pelo resto de nossas vidas, ter alguns filhos e se comportar como a tal bela recatada e do lar. Durante toda a história o papel que sempre nos foi reservado, foi o secundário, o sexo frágil ou a esposa obediente.
Então, como viver uma vida na qual não somos preparadas para chegar onde queremos? Na escola, não nos ensinam nada disso, a verdade é que nossos livros muito pouco contam a história de mulheres que romperam os limites impostos pelo patriarcado. O papel que sempre nos foi reservado foi o da subserviência. Dizem o que você deve fazer com seu corpo, seu cabelo, sua identidade, seu destino. Sempre nos disseram o tempo todo o que devemos ou não fazer.
E é na política que somos testadas ao limite, visto que, ainda há muito pouco espaço para a presença feminina, principalmente quando se trata dos espaços de decisões. O senso comum diz que não somos capazes de promover transformações, liderar revoluções, essas capacidades sempre foram reservadas aos homens, nunca a nós, mulheres. E ainda nos subestimam e muito.
Mas assim como a política ainda limita a nossa participação, foi através dela que optei por disputar as opiniões, os corações, as mentes das pessoas e mostrar que eu também tenho a capacidade de construir, ocupar, de influenciar. A minha luta desde então tem sido a de formar e ser formada por outras companheiras, aproveitar da rebeldia que veste o nosso corpo, e afrontar o racismo e o machismo com meu cabelo Black, com a força e a ousadia histórica de Frida, Elza Soares, Marielle Franco, e todas as outras mulheres que vieram antes de nós.
O termo “mulheres no poder” é algo que mesmo com tantas conquistas da luta feminista, ainda não tem o espaço de direito, uma vez que a cultura do patriarcado ainda é tão comum em nossa sociedade, onde homens nos governam, nos representam e falam por nós, porém, mesmo com tudo isso, fugimos das expectativas comuns, como a dor de um parto, sentimos a emoção até hoje de cada conquista, nos politizamos, e fizemos dos nossos pensamentos, ideais e lutas se tornarem práticas comuns do dia a dia. Deixamos de ser somente o papo da roda de meninos e passamos a discursar, votar, ser votadas, deixamos o fogão, a pia e o ferro de passar, para ser uma advogada, engenheira, gerentes, donas de nossas vidas, governadas sob nossas regras, com autoestima, com muita, mas muita liberdade.
Sim, todas nós sabemos que essa estrada vai muito mais além do que podemos ver, mas é neste caminho que chamo cada companheira e também os companheiros, para construirmos juntos essa que também são as lutas do nosso coletivo, combatendo o machismo, o racismo, e a LGBTfobia que ainda nos cercam em todos espaços, e claro, lutar pelo justo, pelo certo, pelos nossos sonhos. Nossa rebeldia não é por acaso, ela tem face, e é a face de tantas outras Débora, Brunas, Marias, Marielles e Fridas.
Eu me chamo Débora Nepomuceno, mulher negra da periferia de Salvador, na Bahia, e assumo a tarefa que me foi designada pelo Coletivo ParaTodxs na vice-presidência da gloriosa União Brasileira dos Estudantes Secundarista – UBES e o meu chamado à militância do nosso coletivo no país inteiro é para arregaçar as mangas e construir um novo período, com unidade, socialismo e feminismo.
A prioridade para o próximo período é dialogar muito com cada uma e cada um para darmos continuidade ao trabalho que já vem sendo desenvolvido sob a liderança do nosso coordenador Marcelo Lemos, organizando e fortalecendo o nosso coletivo em cada canto desse país, sem distinção ou preferência por grupos, o que nos unifica é muito maior do que o que nos separa, e é este sentimento que me guiará nesta gestão, porque temos muitos desafios pela frente, a nossa responsabilidade aumenta ainda mais nesse cenário político nacional de incertezas e de sucessivos golpes contra o povo, por isso, o nosso protagonismo, responsabilidade política e a nossa rebeldia serão fundamentais para representar os anseios dos estudantes brasileiros.
Portanto, não poderia deixar de saudar também duas companheiras que são minha referência na militância política na Bahia, Bruna Bitencourt, nossa líder e presidenta da história Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador - AGES e July Cunha, presidenta da União Estadual dos Estadual dos Estudantes – UEES BAHIA, como também, peço a colaboração e a compreensão de cada diretora e cada diretor da UBES pelo nosso coletivo, e reafirmo que tudo aquilo que nos une continua sendo bem maior do que o que nos separa, pois, precisamos reorganizar a casa para tocar as tarefas que estão postas com a nossa vontade de fazer política e construir a UBES a e se consolidar em todos os estados.
#vemqueaubeséparatodos
#tamojuntas
Contem comigo!
Unidade, socialismo e feminismo!
Lula Livre!
Elas Por Elas!
Nós por Nós!
Ousar Lutar, Ousar Vencer!
Saudações estudantis
Débora Nepomuceno
vice-presidente da UBES
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